terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Parabéns Grande Amor.

Hoje o meu grande amor faz anos.
Hoje somos todos vermelho.
Hoje somos Eusébio, Rui Costa e Aimar.
Hoje somos Toni, Camacho e Jesus.
Hoje somos cachecóis e camisolas e suor e alegria.
Hoje somos golos.
Hoje somos vitórias e somos derrotas e empates.
Hoje e sempre sou teu e tenho-te como meu.
Os meus olhos nunca deixam de olhar-te e cumprimentar-te todos os dias ao longe.
Hoje somos bancadas cheias.
Hoje somos jogos melhores e jogos piores.
Hoje somos génios e cepos.
Hoje somos Benfica.

Parabéns ao meu grande amor.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Avô

Queria falar do meu avô.
Queria apenas dizer coisas sobre  meu avô.
Dizer que gosto de poder ver o meu avô todos os dias.
Dizer que gosto que o meu pai diga coisas ao meu avô que ele não percebe mas ri.
Gosto de ver a bola com o meu avô. Falar de bola com o meu avô.
Gosto de gostar do Benfica com o meu avô.
Gosto que o Benfica seja sempre beneficiado aos olhos do meu avô.
Gosto dos árbitros bandidos, dos pénaltis e dos golos anulados.
Gosto do meu avô.
Gosto do meu avô que tem mais de 80 anos e suporta pesos maiores do que aqueles que eu jamais suportarei.
Gosto que o meu avô se ria de mim. Para mim.
Gosto de tirar cafés ao meu avô. Servir vinho ao meu avô.
Gosto de poder tratar o meu avô por tu.
Gosto de não ser o neto preferido.
Gosto de dar a mesma prenda de natal ano após ano. E ele se esquecer dela ano após ano.
Olá avô.
Escrevo-te enquanto me puderes ler.
Até amanhã avô.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Relações.

Hoje beijei livros.
Hoje beijei os meus livros.
Beijei-os sem sentimento de solidão.
Não são eles os meus amigos.
São palavras que digo. Copiar livros pela boca.
Os meus olhos têm livros só deles.
Os meus ouvidos têm livros só deles.
A minha boca tem livros só dela.
Livros passeiam todos os dias. Não de mão dada.
Hoje beijei os meus livros. Com língua. Sem língua.
Os meus não correspondem sempre. Nem sempre.
Quando me compraste livros eles não corresponderam.
Hoje beijei os meus livros.
Amanhã poderá apenas ser um aperto de mão.
Boa noite ao papel que me ouve.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Não sei escrever sobre pés.

Vejo vários pés de Inverno.
Na minha casa existem vários pés de Inverno.
Na calçada Lisboeta vejo vários pés de Inverno.
O cheiro de pés de Inverno sempre mais quente que os pés de Verão.
Estações vão significando pouco.
Vejo casas com pés de Inverno.
Carros com pés de Inverno.
Paro na rua. Nu. Sem pés de Inverno.
Serão pés de Verão no Inverno.
Pés de Inverno no Verão.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Bolsos.

Cada vez mais cabeças apontadas para o chão.
Para os sapatos.
Para os bolsos.
O vazio não se encontra apenas neles.
Os sorrisos de quase todos há muito esmoreceram.
Não sei com que adjectivo me poderei classificar. E a vocês.
Vou tentar continuar a olhar o chão e esperar que aclare.