Não me segures pelos dedos, mãos ou braços,
Deixa-me escorregar e percorrer o abismo,
Lá em baixo deambula a serpente, gigante, ondulada,
Deixa a música abafar o som do nada,
Deixa o som ser tomado, comido,
Grita mas não faças barulho, eles dormem,
Todos dormem, mas estão acordados,
Roubam sonhos, desejos,
Eu desejo-te, quero matar-te,
Deixa a gravilha palpitar no solo ardente, borracha queimada,
A tua pele sente o fresco de pequenas pedras que ardem,
Larga, Larga-te, Liberta-te,
Sente o abismo e trepa, por onde conseguires,
Segura-te, aos pulmões, ao estômago,
Agora larga-te e não te segures, nunca mais,
Não te segures,
Sente a pele deformar-se, alargar-se,
Agora, cai, Agora, cai, Agora, cai,
Sente-te, sente-te no chão,
Alastrado no chão, desfeito, desfigurado,
Sente a pureza da dor, sente a pureza de já não sentires dor,
Fica, Deixa o sangue cobrir o chão, deixa o chão ser sangue,
Deixa haver chão no sangue,
Alastra-te pelo solo e influencia, torna os teus ossos o solo,
Os teus olhos o solo,
Torna-te o solo,
Torna-te líquido no sólido.
Não sendo eu um apreciador de poesia (limitação minha) penso que quem assim escreve tem queda :)
ResponderEliminarContinua, porque valor acho que não te falta, assim as musas te ajudem.
Um abraço
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